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Executivo investigado na Lava Jato diz ter ‘profundo arrependimento’

Executivo investigado na Lava Jato diz ter ‘profundo arrependimento’

Dalton Avancini, da Camargo Correa, presta depoimento na CPI.Ele fez acordo de delação premiada e confirmou existência de um cartel.

O diretor-presidente afastado da Camargo Correa, Dalton Avancini, afirmou nesta quarta-feira (20) em depoimento na CPI da Petrobras, na Câmara, que decidiu fazer acordo delação premiada por estar “profundamente arrependido” de participação em esquema de pagamento de propina em troca de contratos assinados com a Petrobras.

Avancini fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público para contar o que sabe em troca da redução de uma eventual pena. Na delação, ele confirmou que existiu o chamado “clube” de empreiteiras que combinavam preços para ganhar contratos com a estatal.

Segundo ele, o principal objetivo do cartel era manter os preços dos contratos “em um patamar bom para as empreiteiras, não existindo uma pretensão de majorar artificialmente o valor a ser pago pela estatal”.

“[O acordo de delação premiada] Foi no sentido de colaborar com investigações. Profundo arrependimento pelo que se fez até aqui. Minha participação sempre foi de forma lateral e em função de processos que aconteciam”, disse Avancini, após ser questionado sobre o que o levou a decidir fazer delação. Ele disse que entrou na empresa em 1992, como trainee.

Avancini, que em 2009 assumiu a diretoria de óleo e gás da Camargo Correa, disse ter sido informado por seu antecessor no cargo, Leonel Viana, de que “existia compromisso de pagamentos da diretoria de abastecimento e serviços”.

Segundo ele, Viana informou que havia projetos em andamento e que havia um apoio partidário a duas diretorias da Petrobras e que era “compromisso da empresa fazer esses pagamentos. “Existia um partido, que era o PP, que apoiava o diretor na área de abastecimento. Na área de serviços, havia um compromisso com o PT”, disse.

Avancini voltou a dizer que os valores de propina estavam dentro dos preços que eram cobrados. “Há que se destacar que valores que se atribuem como propina estavam dentro desses preços. O valor estava dentro do preço, o que pode ser tratado como superfaturamento”, disse.

Durante o depoimento, Avancini foi questionado sobre uma nota em que a Odebrecht afirma que não participou de cartel em contratos com a Petrobras e afirma que ele acusou a empreiteira por vingança.

“Essas empresas estão envolvidas e, infelizmente, a verdade é um pouco mais dura do que o que eles estão hoje dispostos a assumir”, disse ele, depois de afirmar que respeita todas as empresas e que se comprometeu a dizer somente a verdade quando fez acordo de delação premiada. Ele disse, ainda, que as revelações dele não foram motivadas por vingança. “Absolutamente, minhas colocações não estão motivas nisso”, disse.

Delação premiada

Em depoimento ao Ministério Público por meio de acordo de delação premiada, divulgado em abril, Dalton Avancini detalhou como funcionava o cartel, que fraudava licitações da Petrobras. Ele afirmou que a construtora Odebrecht liderava o cartel do qual, segundo disse, também faziam parte Camargo Corrêa, UTC, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.

Segundo o presidente da Camargo Corrêa, a convocação dos participantes do clube das empreiteiras era feita por telefone ou e-mail e os assuntos eram tratados de forma “discreta”.  De acordo com Avancini, os encontros ganhavam títulos, como “Reunião Petrobras” e “Reunião para tratar do Comperj”, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, uma das obras em que os investigadores da Operação Lava Jato constataram desvio de dinheiro.

As empreiteiras UTC, OAS e Queiroz Galvão tiveram dirigentes presos ou que fizeram acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.

Por meio de nota divulgada nesta quarta, a assessoria da Andrade Gutierrez afirmou que a empresa nega a participação em cartel e “repudia as ilações” a respeito. “É importante ressaltar que não há qualquer tipo de prova sobre a participação da AG nesse suposto cartel e que todas as acusações equivocadas vem sendo feitas em cima de ilações e especulações”, diz o texto da nota.

A Odebrecht também nega ter integrado o cartel. Em nota divulgada em fevereiro, a empresa classificou de “caluniosas” as acusações. “A empresa não participa e nunca participou de nenhum tipo de cartel e reafirma que todos os contratos que mantém, há décadas, com a estatal, foram obtidos por meio de processos de seleção e concorrência que seguiram a legislação vigente”, diz o texto da nota.

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